SOCIOLOGIA: UMA CIÊNCIA, MUITOS PARADIGMAS
Deborah de Oliveira Leandro da Silva
O objetivo geral deste trabalho é avaliar a importância e presença dos métodos científicos nas produções acadêmicas da sociologia. Procura verificar se a tendência apontada por Hill Collins (1998), Cano (2012) e van Zoonen (2012) de se valorizar epistemologias subjetivistas afetou o núcleo da produção científica no Brasil. Para alcançar esse objetivo, compilou-se 279 artigos publicados no ano de 2020 nos 9 principais periódicos da área, com classificação A1 no Qualis-CAPES. Após a coleta dos artigos, eles foram classificados em uma planilha em diversas variáveis: nome da revista, referência do artigo, resumo, palavras-chave, presença da metodologia de pesquisa no resumo (sim ou não), método descrito pelo(a) autor(a), classificação da metodologia, tipo de método (qualitativo, quantitativo ou misto), formação do(a) autor(a) principal, fontes primárias de pesquisa e tipo de texto (empírico, teórico, ensaio, relato de experiência ou metodológico). O método utilizado na pesquisa foi a revisão sistemática de literatura. Os resultados apontam que a experiência pessoal, o relato e o testemunho têm baixa ou nenhuma presença nos artigos de Sociologia publicados em revistas A1. Os dados, de modo geral, indicam que a metodologia é destacada em 63% dos resumos dos artigos empíricos e não aparece em 32% deles. Em número pequeno, mas ainda assim expressivo, de artigos não se identificou nenhuma indicação de método ou técnica de pesquisa nem no resumo nem no corpo do texto. Por fim, a pesquisa identificou uma baixa diversidade de técnicas de pesquisa e a prevalência de fontes documentais.
OS ESTABELECIDOS E AS OUTSIDERS: DESIGUALDADES DE GÊNERO EM ORGANIZAÇÕES JORNALÍSTICAS
Ana Clara Matias Rocha
O propósito deste trabalho é compreender alguns dos mecanismos da manutenção das desigualdades de gênero no acesso a poder e recursos em organizações jornalísticas. Para tanto, são usadas entrevistas feitas em grupos focais nas quatro cidades com maior número de profissionais jornalistas: Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo. As transcrições dos grupos focais são analisadas sob a ótica da teoria dos estabelecidos e outsiders de Norbert Elias e da sociologia das organizações e sociologia das desigualdades, dialogando com autoras como Cecilia Ridgeway e Joan Acker.
POR DENTRO DA SOCIOEDUCAÇÃO:
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA
Mariana Albert Ferreira
A presente pesquisa se propõe a realizar uma revisão de literatura sistemática sobre o sistema socioeducativo. A partir da coleta de 232 artigos com a utilização das palavras-chave medidas socioeducativas, sistema socioeducativo e adolescente em conflito com a lei, nas plataformas Google Scholar e Scielo, foram encontradas algumas brechas na literatura acerca do assunto pesquisado. De acordo com dados apresentados em gráficos e tabelas, pôde se perceber uma grande concentração de trabalhos em determinadas regiões do país. Para além de uma grande concentração de estudos, há também uma grande dificuldade na busca por informações acerca do sistema socioeducativo nos locais com poucas produções acadêmicas encontradas. O desencontro de informações explicitado na relação com os relatórios apresentados pelo governo demonstra um risco relacionado a pouca quantidade de pesquisas empíricas encontradas em algumas unidades federativas do país.
MAGÉ NA MARGEM: A JUVENTUDE PERIFÉRICA E SEU RELACIONAMENTO COM A POLÍTICA
Camila Garcia Fintelman
Este trabalho baseou-se em entrevistas semiestruturadas com 14 jovens de 20 a 30 anos de Magé, região da baixada fluminense do Rio de Janeiro, visando analisar a recepção de mensagens políticas por pessoas de classes populares, a fim de testar a hipótese de que as redes sociais digitais produzem uma falsa horizontalidade entre os usuários. Os achados indicam que o distanciamento físico e a falta de redes dos jovens das classes baixas com pessoas universitárias e de esquerda fazem com que não compartilhem os códigos e enquadramentos do repertório progressista, o que, para além das consequências disso para a desigualdade, provoca uma série de consequências culturais e políticas. O trabalho sugere que, tendo em vista o atual contexto político, os setores progressistas adotem uma postura mais didática e pragmática na interlocução com pessoas de classes populares.
Soraya Lucena Diniz Costa
Muitas são as formas de analisar questões de origem e classe social no Ensino Superior. Uma das preocupações mais comuns é com a não permanência, isto é, a evasão dos estudantes. Essa monografia se debruça sobre o assunto para compreender universitários de origem popular que superaram as expectativas e obtiveram êxito. Baseia se em um grupo focal com estudantes da Universidade Federal Fluminense de origem popular para discutir as teorias de Pierre Bourdieu e Bernard Lahire sobre classes sociais e educação.
DRAGS: DISCURSOS SOBRE FEMINILIDADE E SUBVERSÃO
Lizandra Rachel Nogueira Correia Almiron
O trabalho tem como objetivo fornecer uma melhor compreensão a respeito dos discursos e das novas maneiras do fazer drag baseados na teoria queer de Judith Butler que, através da tentativa de produzir paródias subversivas de gênero, questionam os padrões binários institucionalizados e socialmente dominantes – e entender de que maneira esses discursos são recebidos na comunidade online brasileira fãs da arte drag . Através da Análise Crítica do Discurso de Fairclough buscarei entender um pouco mais a respeito dos diferentes personagens envolvidos na cena drag, dos pontos de discordância que trazem seus discursos e das disputas de poder envolvidas na negociação dialética de significados. Analisarei questões como feminilidade, desconstrução e reprodução de padrões de gênero e o machismo neste recorte social, buscando também compreender de que maneira este contexto reflete ou contesta padrões da sociedade mais ampla em que se insere.
GÊNERO E EDUCAÇÃO: UMA ANÁLISE DE DISCURSO DO LIVRO DIDÁTICO DO ENSINO FUNDAMENTAL I
Lucas Peres Marques da Silva
Este trabalho investiga do ponto de vista construtivista de que forma gênero é construído discursivamente e socialmente na escola e em livros didáticos, como são representadas e reproduzidas nos livros as relações de gênero e como isso pode influenciar a construção de identidades. Baseado em estudos anteriores sobre livros didáticos, no conceito de gênero desenvolvido por Connell (2016) analisam-se textos e imagens de um livro didático do 5º do ensino fundamental a fim de refletir sobre a construção de masculinidades e feminilidades dentro do contexto escolar e principalmente como elas aparecem sendo representadas no material didático em questão.